Percurso na ilha da Culatra permitindo o contacto com 3 sistemas distintos: as dunas; o sapal; e a praia. Observe a vegetação das dunas, as aves marinhas e limícolas e as conchas deixadas na areia.
Este percurso é antecedido por uma viagem de barco pelos canais da Ria Formosa, de Olhão para a ilha da Culatra, uma das denominadas ilhas-barreira que formam o bordo sul da Ria Formosa. A viagem termina num pequeno cais que, através de caminho pedonal, serve a aldeia da Culatra, antiga povoação de pescadores. Da paisagem que a envolve fazem parte as embarcações de pesca e a figura dos mariscadores em atividade nos bancos de vasa quando ocorre a baixa-mar.
Atravessando a Culatra pela rua principal, no final encontra-se um passadiço em madeira, com cerca de 500 m de extensão, que se dirige para a praia, cruzando um sistema composto por dunas cobertas de vegetação dunar e por pequenos canais que são inundados ao ritmo das marés, que exibem vegetação característica de sapal. O passadiço termina na praia. Esta estende-se por cerca de 7 km, desde a povoação ilha do Farol, a poente, até ao seu extremo nascente. Já no areal o percurso segue para nascente. Escolhendo a zona de rebentação para progredir é possível encontrar depósitos com enorme quantidade e diversidade de conchas de moluscos marinhos, trazidas pelo mar. Nesta zona é normal observar aves, como gaivotas, borrelhos, pilritos e andorinhas-do-mar.
Depois de cerca de 1,5 km, no perfil da duna primária (ou branca) surge o início de outro passadiço em madeira que se dirige para o interior e termina num miradouro que possibilita uma boa panorâmica sobre a ria e o canal de Olhão e do qual se pode atingir uma pequena enseada. O retorno efetua-se pelo mesmo caminho.
A vegetação dunar é constituída por plantas rasteiras que estão adaptadas a condições muito adversas, nomeadamente os ventos carregados de salinidade, forte exposição solar e altas temperaturas, uma grande mobilidade da areia por ação do vento, uma baixa capacidade de retenção de água pelas areias e escassez de nutrientes.
A Ria Formosa é a zona húmida de maior dimensão da parte sul do país, com cerca de 18.000 ha e 60 km de costa entre o Ancão e a Manta Rota. Este sistema lagunar é composto por enorme diversidade de componentes ? ilhas-barreira, sapais, canais, ilhotas permanentes e bancos de vasa, bancos de areia, praias e salinas ?, sendo especialmente importante para a avifauna aquática, nomeadamente para as espécies que aqui gozam do ameno inverno, fugindo aos frios que então ocorrem no centro e norte da Europa.