O Trilho do Caminho dos Mortos deve o seu nome a uma antiga prática local: antes da construção das atuais vias rodoviárias, os funerais que partiam dos lugares mais montanhosos da freguesia seguiam este caminho até à Igreja Paroquial de Merufe. Os falecidos eram transportados em carros de bois, numa lenta e solene travessia que durava várias horas.
Mas este percurso guarda segredos ainda mais antigos. Ao longo do trilho, é possível observar vestígios das primeiras civilizações que habitaram esta região, datados do 4.º milénio a.C. Um dos pontos de maior interesse é a Mamôa do Cotinho, um monumento funerário coletivo que servia também como local de culto. Com cerca de 30 metros de diâmetro, apresenta uma violação central acentuada, onde ainda se distinguem elementos como a couraça pétrea e alguns esteios.
A freguesia de Merufe, uma das mais populosas de Monção, acolhe também a Igreja Paroquial de Merufe, que conserva vestígios do antigo convento a que esteve ligada, nomeadamente o rasgo da porta que fazia a ligação entre os dois edifícios. À entrada, destaca-se uma antiga pia batismal. O exterior da igreja mantém elementos do estilo românico, com uma torre acrescentada no século XVIII.
No centro da povoação ergue-se o belo edifício da Junta de Freguesia de Merufe, inaugurado a 22 de setembro de 1992. Trata-se de uma requalificação de um antigo celeiro em pedra da região, transformado num edifício funcional e de caráter monumental, construído por artesãos locais.
Este trilho é mais do que uma caminhada: é uma viagem no tempo, onde natureza, memória e património se cruzam a cada passo.